30 de junho de 2011

A simplicidade da fé

Um livro que comprei primeiramente pela capa, sou simplesmente apaixonada por arquitetura colonial e principalmente por igrejas barrocas e segundo pelo autor pois já havia lido outro livro de Frei Uberaba e muito me agradou sua escrita e a forma como mostra a grandeza da fé das pessoas mais simples. A vítima da violência é na verdade uma reunião de contos onde, em quase sua totalidade, o final é sempre trágico. São personagens simples, comuns, fatos do codidiano, mas que têm como principal conforto, a fé em Deus. O conto que dá título ao livro, narra a violência sofrida por um homem de Deus que se vê diante da violência praticada por pessoas que têm amor apenas ao dinheiro e não se importam com a forma com que o conseguem. Destaque para o conto "A Semana Santa" que narra o desejo inabalavel de uma pequena comunidade que mesmo sem o apoio do pároco e sem as imagens necessárias, foi capaz de celebrar com grande fé os ofícios da Semana Santa. Usando apenas as imagens da pequena Capela, Cristo atado à coluna, Nossa Senhora de Lourdes e Santo Antônio com o menino Jesus nos braços, realizaram os principais ofícios como Depósito dos Passos, Depósito das Dores,Encontro,Lava-pés, Procissão do Enterro e Ressurreição. São contos simples que falam diretamente à alma do mineiro.

27 de junho de 2011

Contem sim, o livro é ótimo...

Muito suspense e perigo invadem a vida de David Beck quando este recebe um e.mail indicando que sua mulher, assassinada a 8 anos, pode estar viva. O que parece o fim de um longo sofrimento é, na verdade, o início de uma trama cheia de perigos pois existem pessoas dispostas a tudo para que ele não descubra a verdade sobre a morte de Elizabeth. Harlan Coben desenvolve a estória de forma muito ágil, o que não dá muito tempo ao leitor para refletir, por isso, por várias vezes somos surpreendidos por fatos de um passado que até mesmo Beck desconhecia. O forte do livro é uma trama intensa e cheia de reviravoltas, por isso mesmo o autor não desenvolve os personagens muito a fundo, o que fica claro em Linda, irmã de Beck, que parece distante quando ele mais precisa. Enfim, "Não conte a ninguém" é um livro de suspense que nos prende desde a sinopse.

20 de junho de 2011

Detetive Russo à brasileira

Um crime do passado pode ser o motivo da morte de Dora Breese. Após uma longa e conturbada ação de divórcio, Dora, uma mulher dominadora acostumada aos flash das agencias de notícia, resolve promover uma viagem de Nova York a Havana em seu iate e leva entre os filhos; o consultor financeiro; seu recente romance, um jovem ator aproveitador e um jornalista que deverá enviar aos jornais a cobertura da viagem. Fatos contraditórios fazem com que mude de ideia e o jornalista seja dispensado logo que desembarcam. Porém, pouco depois de chegarem a Havana, Dora é assassinada e, durante a investigação, o velho detetive russo, Perutkin, ao tentar ajudar um amigo, se envolve na investigação conduzida pelo detetive Smith, pois acredita que a presença das mesmas pessoas envolvidas em um crime anos antes, não pode ser apenas coincidência. Apesar de alguns contratempos, ele consegue desvendar um crime bem articulado que teria tudo para, de novo, incriminar um inocente e deixar o verdadeiro assassino livre. O livro é muito bom, o que mostra que autores nacionais também sabem escrever um romance policial capaz de prender a atenção dos amantes do gênero. Claro que não vou revelar aqui fatos que comprometam a leitura do livro, mas adianto que o crime foi cometido de tal forma que apesar de estar na cola do assassino, acabei deixando-o escapar pois não consegui definir  como ele praticou o crime sem um cumplice. Mas, assim como em outros romances policiais de diversos autores que já li, algumas informações vitais para se desvendar o caso só nós são reveladas quando o culpado é desmascarado pelo detetive. O que sempre me faz preferir Agatha Christie, pois em seus livros, as informações estão todas lá à minha disposição, é só avaliar e encaixar cada peça. Em O Crime da gaiola dourada, entra em cena Boris Sergvitch Perutkin, um detetive russo que tem como principal caracteristica não ser infalível como a maioria dos grandes detetives da literatura. Perutkin chega a ser até um pouco atrapalhado ao elaborar um plano onde pretente que o culpado se entregue, o que se mostra em vão e como consequencia, mais um crime é cometido. Mas entre erros e acertos, ele consegue desvendar o crime quase perfeito. Gostaria muito de vê-lo em um novo livro, mas acredito que Lucchetti não tenha dado continuidade ao personagem.

17 de junho de 2011

Presente de amigo

Em partida para além mar, um amigo passou por aqui ontem e me deixou de presente esse instigante romance. Ainda não conheço o autor, mas a sinopse me deixou curiosa para desvendar mais esse mistério. Black, obrigada pelo presente e pelo carinho.

Pirataria romantica

O Cosário Negro é aventura do início ao fim, pelo menos até onde essa edição limitada nos leva, pois o final da história faz parte de outro livro de Salgari. O nome pirata não aparece uma só vez, o autor se refere a eles sempre como corsários e flibusteiros, o que não os impede de promover saques, pilhagens e massacres, mas sempre como uma estória em segundo plano. De forma bem romanceada, o autor cria como personagens principais, piratas honrados, cavalheiros e leais, o que nós faz mesmo torcer para que o Cosário Negro consiga alcançar sua vingança contra o duque de Wan Guld responsável pela morte de seus 3 irmãos. Além da vingança, o enredo nos leva a torcem pelo romance entre o Corsário Negro e uma duquesa capturada em uma batalha, por quem o Corsário se apaixona. Se eu já não soubesse que minha edição não era integral, terminaria muito frustada, mas o fato de já ler sabendo que o livro não revelaria toda a história amenizou um pouco a sensação.

15 de junho de 2011

Aventura do início ao fim

Uiramirim e seu pequeno amo, um mimado garoto de 12 anos, filho do Capitão Português responsável por um vilarejo na Capitania de Pernanbuco no século XVII, são capturados por perigosos piratas. Com bravura e esperteza, o pequeno índio tem que livrar-los das mãos dos piratas que exigem como resgate, todo o valioso carregamento de açúcar que chega ao vilarejo. Com apenas 59 páginas, é aventura do início ao fim. Um livro que adoraria ter lido por volta dos meus 10 ou 11 anos e uma boa dica para quem pretente incentivar as crianças ao hábito da leitura, agradará principalmente aos meninos.

9 de junho de 2011

O mal tão claro que nos custa acreditar

Diário do Farol é meu primeiro contato com João Ubaldo Ribeiro e o que encontrei foi um texto intenso, escrito na primeira pessoa; o que me deu a impressão de que não estava lendo e sim "ouvindo" a história. Ubaldo nos coloca frente a um padre, já em idade avançada, que após vingar-se de todos aqueles que acreditava terem-no ferido, resolve se isolar em uma ilha e, sem pretenções literárias, relatar com exagerada arrogancia, seus feitos crueis e desumanos. Em uma realidade fria e dissimulada, ele usa as agressões sofridas na infância como justificativa para as maldades praticadas. Assim, acompanhamos a mente de um pisicopata ardiloso que desde o ínicio da adolescência, ainda no seminário, aprende a usar contra quem quer que seja, o que sabe ou vê para alcançar seus objetivos. Movido pelo desejo de vingança, seu grande propósito é matar o pai, a quem acusa pela morte da mãe ainda em sua infância. Mas para chegar até o fato consumado, outras mortes tão ou mais crueis ocorrem, enquanto que, com sabedoria e dissimulação, conquista cada vez mais a admiração e o respeito de todos. Como diferencial, destaco passagens onde o narrador menospreza o leitor, como se estivesse nos desafiando, provocando e ao mesmo tempo, nos instigando a admirá-lo.

4 de junho de 2011

O que se pode dizer depois da morte

Incidente em Antares pode, na verdade, ser dividido em dois livros pois a primeira parte é uma espécie de ambientação do leitor não só em relação aos moradores da cidade, como também com a época em que o citado incidente ocorre. Para aqueles não muito pacientes, pode ser lido a partir da segunda parte, onde de fato o "incidente" acontece, sem prejuizo de entendimento da história. Mas como adoro livros onde fatos históricos fazem parte da vida de personagens fictícios, para mim a primeira parte foi tão interessante quanto a segunda pois mostra o Brasil desde o fim da monarquia, passando pela república, até o golpe militar. A crítica social e política é o ponto forte do livro e Veríssimo soube dar humor a um texto que tinha tudo para ser pesado e mesmo cansativo. Imagine se os mortos simplesmente pudessem voltar e dizer, em praça pública, tudo aquilo que sabiam mas que a "boa convivência" lhes impedia de dizer enquanto eram vivos? Pois é isso que acontece quando uma greve geral impede que sete mortos da pequena Antares sejam sepultados e eles, em protesto, voltam ao centro da cidade e fazem do coreto, palco de discursos inflamados e mais sinceros que os vivos podem suportar. Meu primeiro contato com o autor me deixou com anseio de conhecer melhor sua obra.