22 de agosto de 2009

3º Festival de Literatura de São João del-Rei

 

Homenagem


A poesia marginal dos anos 70

Francisco Alvim
Foto: João Maurício Alvim
O FELIT apresenta, em sua terceira edição, uma rica e diversificada programação, tendo como foco de discussão a literatura brasileira, em especial a poesia marginal dos anos 70, cuja homenagem aos poetas dessa geração será feita através do escritor Francisco Alvim.
Francisco Alvim (Araxá, MG, 1938) estreou em 1968 com o livro de poemas Sol dos cegos. Entre 1969 e 1971 vive em Paris, onde escreve parte de seu segundo livro, Passatempo, lançado em 1974 na coleção Frenesi, (Rio de Janeiro), que reúne também os livros Motor, de João Carlos Pádua, Grupo Escolar, de Cacaso, Corações veteranos, de Roberto Schwarz e Em busca do sete-estrelo, de Geraldo Carneiro, no contexto da chamada poesia marginal, que ganhou notoriedade durante a década de 70. No período foi lançado um grande número de livros e revistas de poesia, provenientes de numerosos grupos de poetas “marginais”, que se organizavam de um modo um tanto espontâneo e um pouco por toda parte no país. A crítica reagiu vivamente – contra e a favor - a essas manifestações. Dentre as reações críticas favoráveis mais destacadas, figuram os artigos de Heloísa Buarque de Holanda e a antologia 26 poetas hoje, que ela organizou e que muito contribuíram para a divulgação desses trabalhos e para o debate sobre poesia e cultura nos anos setenta e nas décadas subsequentes.
Embora não se possa dizer que a poesia marginal tenha se constituído propriamente em um movimento literário, com estética, propostas e manifestos de Escola, seus autores não deixam de compartilhar certos referenciais, como a adoção de táticas comuns para vencer as dificuldades de publicação e publicização, a valorização do cotidiano, a busca de uma forma impregnada de oralidade, a vivência do fato político experimentado na subjetividade e não na projeção externa, idealizada e organizada, de uma utopia, o vínculo com o legado modernista.
Em 1978, Francisco Alvim publica Dia sim dia não, com Eudoro Augusto (coleção Mão no bolso, Brasília) e, em 1981, mais dois livros: Lago, montanha e Festa (coleção Capricho, Rio de Janeiro), que mantinham a marca da produção independente dos anos setenta.
Em 1973, a Secretaria de Educação e Cultura do Estado da Guanabara (Estado que posteriormente voltou a ser do Rio de Janeiro) atribuíu-lhe o Prêmio Paula Brito. Em 1981 a editora Brasiliense reuniu seus livros, à exceção de Dia sim dia não, em Passatempo e outros poemas, com o qual ganhou o prêmio Jabuti. Em 1988, lança Poesia reunida, na Coleção Claro Enigma, organizada por Augusto Massi e editada pela Duas Cidades, que lhe rendeu outro prêmio Jabuti. A edição incorporou além de Dia sim dia não, o inédito O corpo fora . Em 2000, a Companhia das Letras lança Elefante, e em 2004, a Cosacnaify o conjunto de seus livros publicados até o presente - Poemas (1968-2000).
Francisco Alvim foi diplomata de carreira até 2008, ano em que se aposentou. No exterior serviu na França, Espanha, Holanda e Costa Rica. Em Brasília, exerceu funções no Instituto Rio Branco e nas áreas cultural e política do Itamarati.
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