Um livro comprado pelo título, pela capa e pelo preço de R$ 1 real. Comecei a ler sem saber o que esperar pois nunca tinha ouvido falar do autor. Mas o livro já me conquistou nas primeiras páginas. A estória acontece em uma pequena cidade aparentemente normal, mas a cada capítulo a cidade e seus moradores se revelam bem incomum, a começar pelos nomes Eronquínea, Hontário, Grundezindo, Aristóbulo, Abrenúncia, Zabilofélia e por aí vai. Tão curioso e intrigado quanto eu, ficou Paulo, um autor que busca na cidade, inspiração para o seu romance. O fato é que toda vez que Dona Eronquínea acorda com o queixo destroncado e virada para os pés da cama, 70 dias e 70 noites depois, alguma coisa ruim acontece na cidade e é assim que o livro começa.
A Sétima Maldição é acima de tudo um romance curioso. O gostoso do livro é que a cada capítulo algo inusitado nos é contado sobre a pequena Cidade Nova de Santa Lúcia dos Milagres e seus moradores. A sétima maldição em si, é apenas mais uma trajédia entre os moradores, mas o interessante é a forma como o autor narra as curiosidades, os medos, as ansiedades, as decepções, as desavenças, os sonhos e alegrias dos moradores.
Outro ponto que achei interessante foi a forma como o próprio autor expunha suas dúvidas e ansiedades de escritor, como na página 42 "E ficou se interrogando como seria que as pessoas que escreviam romances, enfim, os escritores, procediam para não perderem os sentido e a sequência do que iam escrevendo." Em outro trecho Pedro Veludo escreve " Como os escritores fariam para manter uma certa coerência na forma - se é que isso era importante - numa obra, como num romance, que pode levar um, dois, três anos sendo escrito? Tanta coisa acontece na vida, num espaço de tempo desses, que quase se poderia dizer, a pessoa que inicia o trabalho não é a mesma que o termina."
Trágico, divertido, inusitado, assim é este romance que deve ser lido com a imaginação livre de qualquer conceito pré-estabelecido.