Passando novamente pelo Ponto Literário, o melhor sebo da cidade, esbarrei em mais uma antiga edição da Coleção Saraiva com o tema mar. Impossível resistir e logo Dramas do Mar se tornou minha mais "nova velha" aquisição.
Na verdade o livro é a edição de duas estórias de Hermann Melville (autor de Moby Dick); são elas Benito Cereno e Billy Budd.
Na primeira estória, Benito Cereno, o Capitão de um navio espanhol é feito refém pela tripulação de negros escravos. Ao tentarem ancorar, chamam a atenção de um navio americano, comandado pelo Capitão Amasa Delano. A bordo do navio espanhol, Delano se depara com um estranho cenário onde negros escravos parecem alheios ao seu destino e o Capitão do navio em constante estado de semi-consciência, sempre apoiado por Babo, seu "fiel" escravo. Enquanto aguarda a volta de seu pessoal, Delano se sente ameaçado, porém não sabe se seu inimigo é o próprio capitão Benito ou a tripulação do navio espanhol.
Na segunda estória, Billy Budd é um jovem marinheiro que além da beleza física possue rara inocência em seus atos e palavras. Tantas qualidades podem gerar admiração, mas também a inveja e Billy se vê acusado de arquitetar um motim abordo. Em confronto com seu acusador, Billy tem uma reação inesperada que resulta na morte de seu acusador. Um conselho é formado para decidir sobre a culpa ou a inocência de Billy e ali em pleno mar, as leis são bem mais rígidas que em terra.
É um livro difícil de ser avaliado pois dependerá muito do que se espera dele. Como comecei a leitura esperando por dificuldades de sobrevivencia no mar, um dos meus temas preferidos, cheguei a achar a leitura tediosa, porém ao final, acho que a impressão foi mais por ser uma edição de 1952 muito carregada de adjetivos em desuso. Mas estranhamente é um livro que me fez terminá-lo com um saldo positivo pois ao final ficou claro que a intensão do autor não era "narrar" aventuras e desvenduras marítimas e sim mostrar situações e leis a que esses homens do mar estavam expostos naquela época (1797 a 1799).