Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda
pensador.info


30 de abril de 2010

Forma linda de descrever costumes e lugares

O Garimpeiro é um livro lindo, de um autor que adoro. Poderia ser só mais um livro de amor impossível como muitos da nossa literatura clássica. Mas Bernardo Guimarães tem uma forma linda de escrever e descrever os costumes e lugares da vida daquela época. O capítulo onde ele descreve a festa da Cavalhada me deu aquela sensação gostosa de saudade como se eu tivesse vivenciado tudo aquilo. Adoro festas folclóricas e estórias que se passam em lugarejos simples no interior, se for em Minas Gerais, melhor ainda. A estória do amor de Lúcia e Elias é cheia de tormentos do coração e da alma; o destino parece reger a vida das personagens de forma traiçoeira, mas a fé e a perserverança vencem todas as adversidades. Mais um livro que retrata os costumes da sociedade do século XIX e que me encantou muito.

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