6 de maio de 2010

Livros velhos: sua estória e sua história

Não tenho nada contra livros novos (a não seu o preço, às vezes) rrsss, mais acredite ou não minha paixão maior são os velhinhos do sebo, aqueles que já passaram por várias mãos até chegarem às minhas para daqui não sairem mais. Gosto de recuperá-los, foleá-los e ler um pouco da sua "história" antes de ler a "estória" escrita neles. Não sei se essa diferenciação entre estória (ficção) e história (fato real)  ainda existe na lingua portuguesa, mas é difícil se desfazer de velhos hábitos. É um sentimento difícil de explicar, não costumo escrever em meus livros, mas não deixo de comprar um porque outras pessoas o fizereram. 


Gosto de imaginar como era a pessoa que o possuiu anteriormente, o que ela sentia quando leu aquele livro, como ele fez parte de sua vida. Alguns foram presente de aniversário, dados com carinho, outros dados por um grande amor na época e me pergunto, o que fez essa pessoa se desfazer de algo que aparentemente foi dado com carinho. Talvez o livro tenha sido de um estilo direrente da pessoa presenteada, talvez uma separação de quem não se quer lembranças, ou mesmo a morte, tão certa a todos, e eles, os livros, vão sobrevivendo a nós.

Outro dia comprei um exemplar no sebo e quando cheguei em determinada página caiu um papelzinho, curiosa fui ler, sabe o que dizia? "Todo bôbo, tudo que vê, ele lê!!!"  por onde andará quem escreveu essa frase tão "inspirada"? rrsss.  A letra grande, redonda, bem feita me pareceu de mulher mas nunca terei certeza. Em outro momento comprei um livro da Stella Carr autografado por ela mesma a uma tal Elaine. Quem seria essa Elaine????  Mas é engraçado, a maior parte dos papeis encontrados soltos dentro de livros que adquirir eram anotações de "jogo do bicho",  qual será a relação entre livros e jogo de azar? 
  

Gosto também da sensação de estar cuidando de algo que tenha sido posto de lado, abandonado, é como se depois que o adquiri ele voltasse a ser livro de novo, rrrsss, sei que é bobagem, mas não consigo evitar. No ano passado meu irmão me deu  o livro  "Traficantes de Naufrágios", comprado em um sebo, com uma dedicatória  para a pessoa que o ganhou em 1950, e acredite ou não fui a primeira pessoa que o leu. Tenho  essa certeza pois antigamente alguns livros vinham com as páginas internas "pregadas" por vários capítulos como garantia de que não se estava adquirindo um livro já lido (uma grande bobagem), e esse ainda estava intacto, tive que lê-lo com a espátula na mão para ir despregando cada folha.


Sempre fui mais apegada ao que era desprezado, desde criança, meus melhores amigos no colégio eram aqueles que por um motivo ou outro eram sempre desprezados, meus animais de estimação sempre tinham uma história de abandono antes de chegarem a mim, e mesmo os brinquedos que mais gostei foram os mais simples e muitas vezes que iam para o lixo, e assim é também com os livros. 


No momento estou passando por uma fase "orfã" do prazer de folheá-los pois com a casa em obra, achei melhor encaixotá-los  para evitar perdas. Mas sinto tanto a falta de poder olhá-los, organizá-los ou mesmo escolher o que vou ler simplesmente passando os dedos sobre eles. Espero que até o natal possa ter minhas estantes de volta, mas isso está dependendo de um certo orçamento que pedi.

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